sexta-feira, 29 de julho de 2011

Me arrependo de coisas que disse



"Me arrependo de coisas que disse, mas jamais do meu silêncio".



Pense em alguém poderoso.

Essa pessoa briga e grita como uma galinha ou olha em calmo silêncio, como um lobo? Lobos não gritam. Eles têm uma aura de força e poder. Observam em silêncio. Somente os poderosos, sejam lobos, homens ou mulheres, respondem a um ataque verbal com o silêncio.

Além disso, quem evita dizer tudo o que tem vontade, raramente se arrepende por magoar alguém com palavras ásperas e impensadas.

O erro não dito é um silencioso correto.

Exatamente por isso, o primeiro e mais óbvio sinal de poder sobre si mesmo é o silêncio em momentos críticos. Se você está em silêncio, olhando para o problema, mostra que está pensando, sem tempo para debates fúteis. Se for uma discussão que já deixou o terreno da razão, quem silencia e continua a trabalhar mostra que já venceu, mesmo quando o outro lado insiste em gritar a sua derrota. Olhe. Sorria. Silencie. Vá em frente.

Lembre-se
de que há momentos de falar e há momentos de silenciar. Escolha qual desses momentos é o correto, mesmo que tenha que se esforçar para isso.

Por alguma razão, provavelmente cultural, somos treinados para a (falsa) idéia de que somos obrigados a responder a todas as perguntas e reagir a todos os ataques. Não é verdade. Você responde somente ao que quer responder e reage somente ao que quer reagir. Você nem mesmo é obrigado a atender seu telefone pessoal. Falar é uma escolha, não uma exigência, por mais que assim o pareça.

Você pode escolher o silêncio.

Além disso, você não terá que se arrepender por coisas ditas em momentos impensados, como defendeu Xenócrates, mais de trezentos anos antes de Cristo, ao afirmar: "me arrependo de coisas que disse, mas jamais de meu silêncio”.

Durante os próximos sete dias, responda com o silêncio, quando for necessário. Use sorrisos, não sorrisos sarcásticos, mas reais. Use principalmente o olhar, use um abraço ou use qualquer outra coisa para não ter que responder em alguns momentos. Você verá que o silêncio pode ser a mais poderosa das respostas. E, no momento certo, a mais compreensiva e real delas.

Aldo Novak.

"Apetite intelectual"

Assim como a mera menção do nome do alimento não satisfaz o apetite da pessoa faminta, mas ela precisa comer, também assim alguém que aprenda sobre a Consciência Universal precisa meditar para ter sua realização, e não apenas conhecer sua definição.

Milarepa (1052 - 1135).

terça-feira, 19 de julho de 2011

Pedido de uma criança a seus pais

"Não tenham medo de serem firmes comigo. Prefiro assim, isto faz com que me sinta mais seguro. Não me estraguem. Sei que não devo ter tudo que quero. Só estou experimentando vocês.
Não deixem que eu adquira maus hábitos.
Não me protejam das conseqüências de meus erros.
Não levem muito a sério minhas pequenas dores, necessito delas para obter a atenção que desejo.
Não sejam irritantes ao me corrigirem, se assim fizerem poderei fazer o contrário que me pedem.
Não me façam promessas que não podem cumprir depois, lembrem-se que isso me fará profundamente desapontado.
Não ponham a prova minha honestidade, sou facilmente tentado a dizer mentiras.
Não me mostrem um Deus carrancudo e vingativo, isto me afastará dele.
Não desconversem quando faço perguntas, senão, eu procurarei nas ruas as respostas que não obtive em casa.
Não se mostrem para mim como pessoas perfeitas e infalíveis, ficarei extremamente chocado quando descobrir algum erro de vocês.
Não digam que meus temores são bobos, mas sim, ajudem-me a compreendê-los.
Não digam que não conseguem me controlar, eu julgarei que sou mais forte que vocês.
Não me tratem como uma pessoa sem personalidade, lembrem-se que tenho meu próprio modo de ser.
Não vivam me apontando os defeitos das pessoas que me cercam, isto criará em mim um espírito intolerante.
Não se esqueçam que gosto de experimentar as coisas por mim mesmo, não queiram me ensinar tudo.
Não desistam de ensinar o bem, mesmo que eu pareça não estar aprendendo.
No futuro verão em mim o fruto que plantaram."

Carlos Alberto de Azevedo
Pediatra 

domingo, 10 de julho de 2011

Começar de novo

"Começar de novo, trazendo as marcas das experiências passadas, mas com mais leveza. Como se fosse uma folha de papel em branco. Um ano novo...Um recomeço."

Chico Xavier

terça-feira, 5 de julho de 2011

A Arte de Viver - S. N. Goenka

Todos buscam paz e harmonia, porque isto é o que falta em nossas vidas. De quando em quando nós experimentamos agitação, irritação, desarmonia, sofrimento; e quando sofremos com agitação, não mantemos este sofrimento para nós mesmos. Nós o distribuímos continuamente aos outros também. Agitação permeia a atmosfera que circunda a pessoa que sofre e todos que entram em contato com ela também tornam-se irritados, agitados. Certamente, este não é um modo apropriado de viver.
Nós devemos viver em paz conosco mesmos e em paz com os outros. Antes de tudo, seres humanos são seres sociais, têm que viver em sociedade e lidar uns com os outros. Mas como podemos viver pacificamente? Como mantermo-nos em harmonia interior e mantermos a paz e a harmonia ao nosso redor, de forma que também os outros possam viver pacífica e harmoniosamente?
Para livrarmo-nos de nossa agitação, temos que saber a razão básica para sua existência, a causa do sofrimento. Se investigamos o problema, torna-se claro que sempre que começarmos a gerar qualquer negatividade ou impureza na mente, certamente nos tornaremos agitados. Uma negatividade na mente, uma impureza mental não pode coexistir com a paz e a harmonia.
Como é que se começa a gerar negatividades? De novo, através da investigação, torna-se claro. Ficamos infelizes quando achamos que alguém age de uma maneira que não gostamos ou quando não gostamos de alguma coisa que acontece. Coisas que não desejamos acontecem e criamos tensão interior. Coisas que queremos não acontecem, alguns obstáculos aparecem no caminho e novamente criamos tensão interior; começamos a atar "nós" internos. E, pela vida afora, coisas indesejadas continuam a acontecer e as desejadas podem ou não acontecer, e este processo de reação, de atar nós — nós górdios — faz toda a estrutura física e mental tão tensa, cheia de negatividade, que a vida torna-se miserável.
Uma forma de resolver este problema é dar um jeito para que nada desagradável aconteça na vida e que tudo aconteça exatamente como queremos. Tanto nós, como qualquer pessoa que entra em contato conosco, temos que desenvolver o poder de fazer com que tudo que desejamos aconteça e o que não desejamos não aconteça. Mas isto é impossível! Não há ninguém no mundo cujos desejos são sempre satisfeitos, em cuja vida tudo ocorre de acordo com sua vontade, sem nada indesejável acontecer. Fatos contrários à nossa vontade constantemente ocorrem. Portanto, surge uma pergunta, como podemos parar de reagir às coisas de que não gostamos? Como é que podemos permanecer pacíficos e harmônicos?
Na Índia, assim como em outras partes do mundo, pessoas sábias e santas estudaram este problema — o problema do sofrimento humano — e encontraram uma solução: se algo indesejável ocorre e você reage gerando raiva, medo ou qualquer outra negatividade, então você deve desviar sua atenção o mais rápido possível para uma outra coisa qualquer. Por exemplo, levante-se, pegue um copo d'água, comece a bebê-la e sua raiva não se propagará, por outro lado começará a diminuir. Ou comece a contar: 1, 2, 3, 4. Ou comece a repetir uma palavra, ou uma frase, ou um mantra; talvez o nome de um santo ou divindade na qual você tenha devoção. A mente se distrairá até um certo ponto e você estará livre da negatividade, livre da raiva.
Esta solução foi útil, deu certo. Ainda dá. Praticando isto, a mente sente-se livre da agitação. Entretanto, esta solução atua apenas no nível consciente. Na verdade, ao desviar a atenção, você empurra a negatividade profundamente para o inconsciente e, neste nível, continua a gerar e multiplicar a mesma impureza. Na superfície há uma camada de paz e harmonia, mas nas profundezas da mente jaz um vulcão adormecido de negatividade reprimida que, mais cedo ou mais tarde, explodirá em violenta erupção.
Outros exploradores da verdade interior foram ainda mais longe em sua busca e, experimentando a realidade da mente e da matéria neles mesmos, concluíram que desviar a atenção é apenas fugir do problema. Fugir não é a solução. Você tem que enfrentar o problema. Se a negatividade surgir na mente, observe-a, enfrente-a. Assim que começar a observar uma impureza mental, ela começará a perder sua força. Lentamente ela vai embora e é desenraizada.
Uma boa solução: evita os dois extremos da repressão e da livre manifestação. Enterrar a negatividade no inconsciente não a erradicará e permitir sua manifestação inútil, com ações verbais ou físicas, apenas criará mais problemas. Mas se você apenas observar, a impureza desaparecerá e você erradicará aquela negatividade, estará livre daquela impureza.
Isto parece maravilhoso, mas será realmente praticável? Será fácil para uma pessoa comum encarar impurezas? Quando a raiva surge, apodera-se de nós tão rapidamente que nem mesmo percebemos. Então, dominados por ela, falamos ou fazemos coisas que prejudicam aos outros e a nós mesmos. Mais tarde, quando ela passa, começamos a chorar e nos arrependemos, pedindo perdão aos outros e a Deus: "Ó, cometi um erro, por favor me desculpe!" Mas da próxima vez em que nos encontrarmos numa situação semelhante, reagimos da mesma forma. Este tipo de arrependimento não ajuda em nada.
A dificuldade é que não temos consciência quando uma impureza surge. Ela surge profundamente na mente e, quando chega no nível consciente, já ganhou tanta força que toma conta de nós sem que possamos observá-la.
Vamos supor que eu contrate um secretário particular e toda vez que a raiva surja ele diga: "Sr., olhe, a raiva começou!" Como não sei a que horas ela começa, terei que contratar 3 secretários para os 3 turnos - manhã, tarde e noite! Suponhamos que possa arcar com isto e que a raiva comece. Quando o secretário avisar que ela surgiu, a primeira coisa que farei é xingá-lo. "Seu tolo, acha que é pago para me ensinar?" Estou tão dominado pela raiva que bom conselho não adianta.
Suponhamos que o discernimento prevaleça e eu não o insulte. Em vez disso eu lhe agradeço, me acomodo e digo: "Agora preciso observar minha raiva". Será que é possível? Ao fechar os olhos e tentar observar a raiva, o objeto de minha raiva imediatamente surge em minha mente - a pessoa ou o fato que a iniciou. Logo não estarei observando a raiva pura, mas meramente o estímulo externo desta emoção. Isto servirá apenas para intensificar a raiva; não é esta a solução. É muito difícil observar qualquer negatividade abstrata, emoção abstrata divorciada do objeto externo que originariamente lhe causaram.
Entretanto, alguém que atingiu a verdade última encontrou uma solução real. Descobriu que sempre que uma impureza surge na mente, duas coisas começam a acontecer simultaneamente no nível físico: uma é que a respiração perde seu ritmo normal. Começamos a alterar a respiração, normalmente respirando mais forte, sempre que a negatividade surge na mente. Isto é fácil de se observar. No nível mais sutil, uma reação bioquímica começa no corpo, resultando numa sensação. Toda impureza vai gerar alguma sensação no corpo.
Isto oferece uma solução prática. Uma pessoa comum não pode observar impurezas abstratas da mente — medo, raiva ou paixão abstratos. Mas, com a prática e treinamento adequados, é muito fácil observar a respiração e as sensações corporais, ambas diretamente relacionadas às impurezas mentais.
A respiração e as sensações vão ajudar de duas formas. Primeiramente, serão como que secretários particulares. Assim que uma impureza surgir na mente, a respiração perderá sua normalidade começando a gritar: "Olhe, alguma coisa deu errado!" Eu não posso bater em minha respiração; tenho que aceitar esse aviso. Da mesma forma, as sensações vão nos dizer que algo vai mal. Então, sendo avisados, começamos a observar a respiração e as sensações e, rapidamente, veremos que a impureza cessa.
Este fenômeno físico-mental é como uma moeda de dois lados. De um lado estão os pensamentos e as emoções surgindo na mente; do outro estão a respiração e as sensações corporais. Quaisquer pensamentos ou emoções, sejam eles conscientes ou inconscientes, qualquer impureza mental que surja, manifesta-se na respiração e nas sensações daquele momento. Logo, observando a respiração ou as sensações, estamos encarando a realidade como ela é. Como resultado, veremos que as impurezas perdem sua força e não mais nos dominam como no passado. Se persistirmos, as impurezas desaparecerão no devido tempo e ficaremos felizes e pacíficos.
Desta forma, esta técnica de auto-observação mostra-nos a realidade em dois aspectos: interior e exterior. Previamente olhávamos apenas para fora, perdendo a verdade interior. Procurávamos sempre fora de nós a causa de nossa infelicidade. Culpávamos e sempre tentávamos modificar a realidade externa. Ignorantes da realidade interior, não percebíamos que a causa do sofrimento está dentro de nós, em nossas reações cegas às sensações boas e ruins.
Agora, com o treinamento, podemos ver o outro lado da moeda. Podemos tomar consciência da respiração e do que acontece dentro de nós. O que quer que seja, respiração ou sensação, aprendemos a observá-la sem perder o equilíbrio mental. Paramos de reagir e de multiplicar nossa miséria. Ao contrário, deixamos as impurezas se manifestarem e desaparecerem.
Quanto mais praticamos esta técnica, mais rapidamente as negatividades desaparecem. Pouco a pouco, a mente torna-se livre de impurezas, torna-se pura. Uma mente pura é sempre cheia de amor — amor desinteressado pelos outros; cheia de compaixão pelas falhas e sofrimentos dos outros; cheia de alegria pelo seu sucesso e felicidade; cheia de equanimidade diante de qualquer situação.
Quando alguém atinge este estágio, todo o seu padrão de vida muda. Não é mais possível fazer ou falar qualquer coisa que perturbe a paz e a alegria dos outros. Em vez disto, uma mente equilibrada não apenas torna-se pacífica, mas ajuda os outros a também se tornarem pacíficos. A atmosfera que cerca uma tal pessoa se tornará permeada de paz e harmonia. E isto influenciará e ajudará a outros também.
Aprendendo a permanecer equilibrado diante de todas as coisas que se experiencia dentro de si, desenvolve-se o desapego também a tudo o que se encontra nas situações exteriores. No entanto, este desapego não é escapismo ou indiferença aos problemas do mundo. Aqueles que praticam Vipassanâ regularmente, tornam-se mais sensíveis ao sofrimento dos outros e fazem seu máximo para aliviar tal sofrimento em tudo que podem — não com agitação, mas com a mente cheia de amor, compaixão e equanimidade. Aprendem a "santa indiferença" — como estar totalmente compromissados, totalmente envolvidos em ajudar os outros enquanto, ao mesmo tempo, mantendo o equilíbrio mental. Desta forma, permanecem pacíficos e felizes enquanto trabalham para a paz e felicidade de outros.
Este foi o ensinamento do Buddha: uma arte de viver. Ele nunca estabeleceu ou ensinou nenhuma religião, nenhum "ismo". Nunca instruiu aqueles que o procuravam a praticar qualquer rito, ou ritual, ou alguma formalidade cega ou vazia. Ao contrário, ensinava-os a observar a natureza tal como ela é, observando a realidade interior. Na ignorância continuamos a reagir de maneira que prejudicamos a nós e aos outros. Porém, quando a sabedoria surge — discernimento de observar a realidade como ela é — este hábito de reagir vai embora, desaparece. Quando paramos de reagir cegamente, então somos capazes da ação verdadeira — ação proveniente de uma mente equilibrada e equânime que vê, compreende a verdade. Tal ação poderá ser tão somente positiva, criativa e benéfica para nós e aos outros. Logo, o que é necessário é conhecer-se a si mesmo — conselho dado por todo sábio. Precisamos conhecer a nós mesmos não apenas intelectualmente, no nível teórico e das idéias; e não apenas emocional ou devocionalmente, aceitando cegamente o que lemos e ouvimos. Tal conhecimento não é suficiente. Mais do que isto, precisamos conhecer a realidade experimentalmente em seu nível verdadeiro. Precisamos experimentar, viver diretamente a realidade deste fenômeno físico-mental. Só isto nos ajudará a libertar-nos das impurezas, dos sofrimentos.
Esta técnica da experiência direta de nossa realidade, esta técnica de auto-observação é chamada de Meditação Vipassanâ. Na língua da Índia, nos tempos do Buddha, passanâ significava ver no sentido comum, com os olhos abertos; mas vipassanâ é observar as coisas como realmente são, não como parecem ser. A realidade aparente tem que ser penetrada, até alcançarmos a verdade última de toda a estrutura física e mental. Quando experimentamos esta verdade, então aprendemos a parar de reagir cegamente, de criar impurezas — e, naturalmente, as antigas impurezas serão gradualmente erradicadas. Seremos libertados de toda a miséria e experimentaremos verdadeira felicidade.
Existem três passos para o treinamento dado num curso de meditação. Primeiramente, precisamos nos abster de toda ação física ou verbal que perturbe a paz e harmonia dos outros. Não podemos trabalhar para nos libertar das impurezas da mente e ao mesmo tempo cometer atos físicos ou verbais que as multipliquem. Portanto, um código de moralidade revela-se como o primeiro passo essencial nesta prática. Compromete-se com o não matar, não roubar, não ter má conduta sexual, não mentir e não usar intoxicantes. Abstendo-se de tais ações, permite-se que a mente se acalme o suficiente para o trabalho em questão.
O próximo passo é desenvolver alguma maestria sobre esta mente selvagem através do treinamento em mantê-la fixa num objeto, a respiração. Tenta-se manter a atenção na respiração o maior tempo possível. Este não é um exercício respiratório; não controla a respiração. Em vez disto, observa-se o fluxo respiratório como ele é, como entra e sai. Desta maneira, acalma-se a mente mais e mais, e ela não ser dominada por negatividades intensas. Ao mesmo tempo concentra-se a mente, tornando-a aguçada e penetrante, capaz do trabalho da visão clara (insight).
Estes dois primeiros passos, viver uma vida moral e controlar a mente, são muito benéficos e necessários por si só, mas levarão à repressão a não ser que se tome o terceiro passo — purificar a mente das impurezas, desenvolvendo a visão clara de sua própria natureza. Isto é vipassanâ: experimentar a própria realidade através da observação sistemática e imparcial, dentro de si mesmo, de todo o fenômeno físico-mental sempre mutante e que se manifesta como sensações. Este é o culminar dos ensinamentos do Buddha: auto-purificação através da auto-observação.
Isto pode ser praticado por um e por todos. Todas as pessoas enfrentam o problema do sofrimento. Esta é uma doença universal que requer um remédio universal — não-sectário. Quando alguém sofre com raiva, não é raiva buddhista, hindu ou cristã. Raiva é raiva. Quando alguém fica agitado em decorrência desta raiva, esta agitação não é cristã, ou judia, ou muçulmana. A moléstia é universal. O remédio tem que ser universal.
Vipassanâ é o remédio. Ninguém se oporá a um código de viver que respeita a paz e a harmonia dos outros. Ninguém pode se opor a desenvolver o controle da mente. Ninguém se oporá ao desenvolvimento da visão clara de sua própria natureza, através da qual é possível libertar a mente das negatividades. Vipassanâ é um caminho universal.
Observar a realidade como ela é através da observação da verdade interior — isto é conhecer-se a si mesmo direta, real e experimentalmente! Quando se pratica, mantém-se a mente livre da miséria das impurezas. A partir da realidade grosseira, externa e aparente, pode-se penetrar a verdade fundamental da mente e matéria. Então transcende-se isto e experimenta-se uma verdade que está além da mente e da matéria, além do tempo e do espaço, além do campo condicionado da relatividade: a verdade da libertação total das impurezas, dos sofrimentos. Não importa o nome que se dê à verdade fundamental, isto é irrelevante; este é o objetivo final de todos.
Que todos possam experimentar esta verdade fundamental! Que todos possam se libertar das impurezas e das misérias! Que todos possam desfrutar a verdadeira felicidade, a verdadeira paz e a verdadeira harmonia! Que todos os seres sejam felizes!

Este artigo foi traduzido com a permissão do autor por Beatriz de Abreu para o Centro de Estudos Nalanda